A “ressurreição digital” emergiu como uma tendência significativa na China, impulsionada pelos avanços em inteligência artificial (IA) e pela crescente demanda por formas inovadoras de lidar com o luto. Empresas especializadas estão oferecendo serviços que recriam digitalmente entes queridos falecidos, permitindo interações virtuais que simulam a presença e a personalidade dos mortos.​

Como funciona:

  • Coleta de dados: A IA utiliza informações digitais da pessoa falecida, como fotos, vídeos, áudios, textos e histórico de redes sociais, para criar um modelo virtual.
  • Criação do avatar: Com base nos dados coletados, a IA gera um avatar que simula a aparência, a voz e a personalidade da pessoa falecida.
  • Interação: Familiares e amigos podem interagir com o avatar, conversando, fazendo perguntas e revivendo memórias.

Aplicações:

  • Auxílio no luto: A “ressurreição digital” pode ajudar a lidar com a dor da perda, proporcionando um senso de continuidade e conexão com a pessoa falecida.
  • Preservação da memória: A tecnologia permite preservar a memória e o legado de entes queridos, transmitindo suas histórias e ensinamentos para as futuras gerações.

A procura por avatares digitais de pessoas falecidas tem aumentado consideravelmente especialmente na China. Empresas como a Super Brain já atenderam mais de 1 mil pedidos de “ressurreição digital”, utilizando IA para analisar fotos, vídeos e áudios dos falecidos, recriando sua imagem, voz e comportamento de maneira realista. ​

Estima-se que o mercado de “seres humanos digitais” ultrapasse os US$ 6 bilhões este ano 2025, refletindo a rápida adoção dessa tecnologia e a disposição das famílias chinesas em investir nessas soluções para manter uma conexão com seus entes queridos.​

A Silicon Intelligence é outra empresa nesse setor, tendo criado mais de dois mil “clones” digitais. Um de seus projetos notáveis foi a recriação de Mei Lanfang, renomado cantor de ópera de Pequim falecido em 1961, para uma apresentação em um festival em 2023. ​

Além de “ressuscitar” os mortos, essas empresas também oferecem serviços para que indivíduos vivos criem suas próprias versões digitais, visando preservar memórias e legados para as futuras gerações.​

Implicações Culturais e Éticas

A prática de criar avatares digitais de falecidos está alinhada com tradições culturais chinesas de manter conversas com os mortos durante rituais fúnebres ou em frente a retratos memoriais. No entanto, a possibilidade de os mortos “responderem” por meio de IA levanta questões éticas e psicológicas. Especialistas alertam para a necessidade de pesquisas que avaliem o impacto emocional dessas interações e discutem preocupações relacionadas ao consentimento e à privacidade. ​

A “ressurreição digital” representa uma interseção fascinante entre tecnologia, cultura e emoção. Embora ofereça uma nova forma de lidar com o luto e preservar memórias, é crucial considerar as implicações éticas e emocionais associadas a essa prática. À medida que o mercado continua a crescer, debates sobre regulamentação, consentimento e o impacto psicológico dessas interações digitais se tornam cada vez mais relevantes.